sábado, 28 de junho de 2014

28 de Junho e as Paradas na Europa


Edivaldo Procópio da Silva
Psicólogo e militante do CELLOS-MG


Atualmente é ainda necessária a realização das Paradas do Orgulho LGBT? Eis a questão que muitos colocam. No entanto, em várias partes do mundo acontecem as Paradas do Orgulho LGBT, iniciadas a partir da revolta dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais em Stonewall, no dia 28 de junho de 1969.

Logo, nada mais oportuno que analisar a questão depois de quarenta e cinco anos de realização das marchas mundo afora. Na Europa, por exemplo, em junho inicia-se o verão e também a temporada de várias Paradas LGBT para celebrar o Dia do Orgulho LGBT com muitas cores e protestos, maneira pela qual se difunde as cores do arco-íris.

Hoje, dia 28, acontece a Marcha do Orgulho Lésbico, Gay, Bissexual e Trans em Paris, França. Os cidadãos de lá reivindicam mais direitos para todos e todas. A cidade de Toulouse, ao sul da França, realizou sua marcha no dia 14 de junho. Junto ao evento foi construído um festival com exposições, conferências, ateliers, teatro, flashmob e filmes, tudo obviamente trabalhado na temática em questão. Acredita-se que o movimento não irá parar por ai, em vista do imperativo posto pela organização: "Continua!".

A atual função das Paradas francesas configura-se como a luta por "Liberdade, Igualdade e Orgulho" aludindo aos princípios da Revolução Francesa (1789-1799). Naquela época, antigos ideais da tradição e da hierarquia de monarcas, aristocratas e da Igreja Católica foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Ao noroeste da França, na cidade de Luxemburgo no Grão-Ducado de mesmo nome, também acontece hoje a Parada deles, cujo tema será: "Nossas Vidas, Nossos Corpos, Nossas Famílias: mais direitos para todos!". E assim será o espírito das Paradas em outras cidades da região, como nas francesas Rennes, Tours, Estrasburgo, Bordeaux e Bretanha, e em outras cidades europeias como Berlim, Londres, Madrid, Barcelona, Amsterdam, Dublin, Oslo, só para citar algumas. Enfim, por várias cidades de diferentes países europeus acontecerão as Paradas do Orgulho LGBT, seguidas de intensas atividades como festivais de filmes, exposições, palestras, atividades esportivas, workshops etc.

Destarte, não se pode esquecer que o atual século explicita avanços com relação ao passado, mas também estagnações e até mesmo retrocessos com relação aos Direitos Humanos LGBT. Vimos que países de primeiro mundo com democracias bem estabelecidas ainda realizam as Paradas LGBT, preocupados com as contingências locais e/ou mundiais.

Ademais, nota-se que países como a Rússia, Irã e outros tantos da África praticam efetivamente a discriminação em virtude de orientação sexual. Nestes países as diferenças dos indivíduos é objeto de segregações senão a condenação à morte.

No Brasil, apesar de termos uma das maiores Paradas LGBT do mundo, que ocorre na cidade de São Paulo, ainda há os querem definir as pessoas e rotulá-las pela sua sexualidade, agindo à maneira de pré Revolução Francesa ou Idade Média.

A inequívoca homofobia contra os LGBT já não é mais negada pela maioria da população brasileira, embora poucos brasileiros admitam que discriminem os LGBT. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, em junho de 2008, 90% dos brasileiros concordam que a sociedade é homofóbica e somente 29% admitem ser, eles mesmos, homofóbicos.

Nesta perspectiva, o dia 28 de junho expressa um dia de orgulho, mas também de luta para a comunidade LGBT. Nesta data, e próximo a ela, os movimentos sociais e a comunidade LGBT protestam contra o preconceito ainda hegemônico existente aqui no Brasil, revelado pela pesquisa citada acima, assim como em várias partes do mundo.

Existe, entretanto, um longo caminho a ser percorrido até as pessoas conviverem de forma harmônica com a diversidade, seja ela sexual, religiosa, cultural, étnica ou racial. A resposta colocada na questão acima é sim, ainda precisamos realizar as Paradas e outras táticas para combater o preconceito e elevar a autoestima de nossa comunidade LGBT. Merecem, portanto, repúdio aqueles que menosprezam, discriminam e não aceitam o que é diferente de si. Vê-se que o mote desta reflexão persegue o caminho definido nos princípios constitucionais de igualdade, fraternidade e dignidade da pessoa humana.

Alguns sites consultados:


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